Não seria de imaginar que uma criança nascida no meio da morte tivesse gargalhada a cada passo da vida. Mas a Bussi é assim, estremece o mundo sensível com a sua alegria imediata. E, no fim, o esconder da cara e o olhar a fugir para a timidez é a prova de que ela sabe bem o que faz quando solta para o céu escuro o seu grito dobrado de folia. Descalça, para voar melhor. Fiel ao vestido preferido, que importa se já é feito de buracos? O preferido, leve, colorido, esvoaçante, o que mais viveu e sofreu de alegria. Quase 9 anos a viver o que não se sabe, sabe-se que coisa doce, como os seus olhos de amêndoa negra, não é. A sua alegria diz-nos de onde ela vem, das profundezas. Lá, para onde, no último Natal, a mãe foi – foi ter com os que já se iam ido, uns atrás dos outros. Despediu-se sem tempo para pontear vestidos, até já, bom ano, estamos juntos, mas no ano novo nunca mais voltou.

A alegria tem estranha magia. A gargalhada da Bussi continua a chegar ao céu escuro.

Este vestido é para ela.

(Modelo G “summer dress” do livro “a sunny spot”)

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