A Patrícia é uma mãe muito especial. Actriz como eu. Na mesma cidade nos movemos. Enganamos igualmente o destino com agulhas e criações sem palco. Mas só nos viemos a conhecer este último ano: as nossas crianças partilham aprendizagens e recreio num lugar mágico. E como todos os lugares mesmo mágicos é feito por vontade férrea de ter de se fazer. É uma escola que se vai construindo à medida de quem por lá passa. E passa o Gabi e a Patrícia, que é mãe dele e que sabe, melhor do que ninguém, como é que ele melhor aprende: com o concreto, com o palpável, com o que se pode tocar para poder ver onde fica o que não se vê.
Pois bem… calhou de aquela malta se interessar pelo Corpo Humano e a Patrícia logo imaginou órgãos para brincar, mexer e remexer. Desafiou-me a meter-me ao barulho com as costuras maiores. O resultado deu num painel maior, com mais pormenores e mais elaborado do que o pensámos à partida. (Como sempre! em que me meto em coisas cheias de sentido.)

Todo o trabalho de base foi da Patrícia (“Sr. Trapo e Dona Agulha“), que fez todas as maquetes e todos os órgãos. A mim calhou-me o painel, costurar o corpo e bordar o sistema circulatório. Coisa pouca para a vontade de fazer… ainda deu tempo (aka vontade) de fazer pequenas legendas. (Isto em vésperas de Natal!!…. não vou entrar em pormenores do reboliço que se deu neste atelier!)

Um objectivo técnico era não comprar um alfinete extra que fosse para fazer este projecto. Cumprido! Foi tudo feito com aproveitamento de tecidos que vou recolhendo e materiais em atelier. Voltei às gangas!

 

Aqui vai uma pequena amostra do processo:

É certo que seria mais rápido se fizesse um painel simples, numa única peça de tecido. Mas se assim fosse, o resultado não seria tão único! E esse ponto…. esse ponto é tudo o que tem de especial a reutilização de materiais. Não há, nem pode haver, duas peças iguais. E isso é tão humano e tão natural que nos maravilha. Eu estou encantada!

Quanto aos pormenores…. Bordar (na máquina!) artérias e veias foi uma estafa e tanto, mas algo criativo (em especial, brincar com as grossuras dos vasos sanguíneos). As etiquetas foram feitas com letras de carimbos e costuradas em tirinhas de feltro. Apliquei um bolso de umas calças de ganga para as guardar. Os órgãos, feitos ao pormenor pela Patrícia, são feitos em feltro e bordados (à mão!) de forma a realçar as suas características. (aqui falta o “intestino delgado” que chegou um pouco depois destas imagens serem feitas… tivemos uma boa conversa sobre como fazer a tripa ahahah!!)

Por causa de um momento de isolamento profiláctico, não pudemos fazer disto prenda de Natal. Por isso, fizemos como os Reis…. chegámos mais tarde! Pusemos umas coroas (a minha caiu porque sou cabeçuda! ) e lá fomos nós fazer surpresa naquele lugar onde brilham os nossos meninos estrelados (a Anamé não quis saber … já sabia! ahahah!)

Gostámos tanto do resultado que já fomos falando de fazer um outro corpinho para aprendizagem do esqueleto! (hmmm!! sonhos bons! eheheh!)

Cliquem aqui para conhecerem o trabalho da Patrícia!