Não percebo nada do Halloween, mas a minha filhota vibra tanto de alegria que todos os anos lá lhe engendro uma fatiota. É uma espécie de Carnaval mas com menos produção. (É que no Carnaval, tenho tendência para exagerar!!! e este atelier não pode parar duas vezes por ano!)

Este ano esteve esteve inclinada para se vampirizar, mas lá se decidiu por uma diaba. Calhou bem!

Ainda pensei em comprar alguns adereços… mas depois fiz a pergunta mágica: “Mas precisas mesmo de comprar isso? Será que não tens material (essa coisa que sobra neste mundo!) para o fazeres tu???

E bem… estava tudo cá. É que nem umas míseras collants consegui negociar com a minha consciência. A camisola já um tanto ou quanto gasta já cá estava. Leggins vermelhas, check! na gaveta do inverno. Bastava fazer adereços:


– Saia de tule (upcycpling de um tutu dos meus tempos de ballet…. um tule com uns 35 anos!)

Eu, talvez com uns 10/11 anos. Este tutu chegou a ser descosido, mas o tule foi ficando pelos anos fora. Chegou a 2021 bem amassadinho, mas em bom estado. Tive de o refazer para esta diaba.

– asas de anjo caído (servi-me de uma mão esquerda para o desenho para rabiscar um molde e usei restinhos de tecido vermelho), 2 botões usados (estas asas foram inspiradas num trabalho do blog Made by Toya)

– um rabo dos infernos , recheado de restos de dracalon

– uns corninhos de capeta desenhados num zástrás, com o resto do lamé que usei na Ladybug de há uns carnavais atrás, cosidos na “minha bandolete preferida!!?'” (Mas alguém, alguma vez, viu a Anamé de bandolete??) [no final dá para descoser!]

– forquilha tridente em feltro (aquele material que uso só para despachar serviço!). Ficou impecável! Usei uma vareta de cortinados perdida aqui por casa

A minha diaba do coração!!

Este trabalho fez-me rever um pequeno artigo que li sobre minimalismo e que, surpreendentemente, se falava não em “destralhar” mas em “guardar”. A ideia era não tirar tudo o que não se está a usar de casa, mas antes tirar da frente, tirar do dia-a-dia. Guardar para se redescobrir mais tarde. Enfim, era um ponto de vista que ecoou em mim e que para este projecto fez todo o sentido. É um belo exagero guardar coisas por tantos anos, e confesso que me atrapalha bastante (tenho vindo a trabalhar para destralhar, verdadeiramente), mas de vez em quando, para uma alma que está sempre a inventar, dá jeito! Há que encontrar algum equilíbrio nisto.