Mais um pedido muito querido e especial!! Fazer uma Bolsa para um Adufe poder viajar para todos os cantares lá longe na estrada.

Amo fazer bolsas para objectos especiais!! Reparei nisso agora porque este projecto me fez lembrar uma outra bolsa feita já há alguns anos para arcos usados em números de ilusionismo e circo – Poesia em Trânsito.

Para os distraídos, o “Adufe” é um instrumento tradicional português de percussão.

E ainda, para os mais interessados, um lindo documentário:

Bem… tinha de fazer algo especial assim! Ou, pelo menos, tentar!
Pensei no instrumento, nas suas dimensões e materiais, pensei na minha querida amiga Lígia que me veio com este pedido e que me deu toda a liberdade e ainda no que eu ando interessada em explorar na costura e upcycling. Foram algumas semanas a matutar numa ideia, até que …. ela surgiu e, pronto!, nada mais a fazer senão cumprir a imagem pregada no meu coração.

Comecei, naturalmente, pela modelação tendo em conta as medidas que a Lígia me deu, uma vez que estamos longe uma da outra (e o adufe ainda não tinha bolsa para andar a viajar! ). O adufe pode parecer um simples quadrado, mas não é bem assim, tem alturas diferentes para a criação de diferentes sons. Mas como são ligeiras diferenças, optei por fazer a bolsa com folga suficiente para que o adufe possa ser encaixado de qualquer lado, acrescentado uns atilhos para o ajustar e ele não balançar dentro do saco.

Bolsa para Adufe

Como estava a trabalhar no Workshop “Pano que dá Pano”, segui a trabalhar nesse sentido, criando uma composição têxtil usando pequenas aparas de capulana (ainda pensei em usar chita portuguesa – à partida, faria mais sentido – mas pelo material que tenho disponível e pelas cores vibrantes a combinar com a Lígia… a opção foi esta!). O trabalho passa por usar a técnica de acolchoado (quilting) para aproveitar os mais pequenos retalhos que podem formar composições estruturadas ou aleatórias, como neste caso.

Foi integrado no painel da frente o monstro-gato com pinta de careto – uma obra da LijóLaranja feito sobre malha jersey com sobras de vinil.

Então vamos lá ver o que temos aqui em termos de “Upcycling”:

  • Aparas de Capulana – sobrantes de outros trabalhos do atelier (já eles feitos de retalhos provenientes de um outro atelier de costura)
  • Polar (usado no quilting) – que sobrou de um outro projecto de costura que ficou pelo caminho
  • Fecho – salvo (sobra de pequena empresa têxtil)
  • Tecido preto (forro) – salvo (sobra de pequena empresa têxtil)
  • Linhas – salvas (sobra de pequena empresa têxtil)
  • Vivo – feito com fita de viés salva (sobra de pequena empresa têxtil)
  • Percintas – reutilizadas (o que restou da vida de cintos e sacolas)
  • Tule – reutilizado (outrora fora cortina)
  • D-Rings metálicos – estavam guardados, mas esses foram mesmo comprados novos (portanto, o único material requisitado ao mercado)

Nada mal, hã?

Nas últimas semanas fui fazendo mini directos no instagram partilhando pequenas fases da construção desta bolsa. E, aqui está o resultado final:

Se agora fiquei a pensar que era capaz de fazer bolsas para instrumentos musicais para sempre?? Claro! Como sempre! Ehehehhe!!!