É certo que gosto de inventar, mas isso pode ser mesmo terrível porque o que também é certo é atrairmos gente e material propício aos nossos gostos e desejos! E assim, não param de aparecer novos pedidos para criar novos produtos. É a loucura da criação têxtil em nano-escala . Eu deveria dedicar-me a uma única coisa – fazer só bijuteria, ou só coisas para as bicicletas, ou só para crianças… enfim, especializar-me, fazer muito do mesmo!! – mas por artes mágicas poderosíssimas não há meio de o fazer!! (magia, i.e. o que se atrai).

Desta vez, a Raquel voltou à carga! Ela gostaria de ter uma bolsinha para transportar os frasquinhos de aromaterapia com que trabalha feita por mim, e, muito importante, com materiais reutilizados!!. Pelos Deuses!! Esta gente vem sempre directa à minha fraqueza… desejar-me é levar-me! A proposta vinha ainda açucarada com a possibilidade de se fazerem mais bolsinhas para outros interessados.

Curiosamente as bolsinhas para óleos essenciais já me tinham passado pelos olhos! Coisa da inteligence do algoritmo maquiavélico que até mentes lê. Ao meu Pinterest já lhe tinha cheirado a óleos perfumados por isso eu já sabia, mais ou menos, o que a Raquel queria.

Comecei por fazer alguma muita pesquisa para ver modelos, soluções técnicas, tutoriais, etc. Depois desenhei e fiz um protótipo com tecidos básicos para testar moldes e ver como funcionava. Logo ali, com um exemplar feiinho, soube que havia potencial. Com alguns ajustes e um mini-patchwork saiu uma primeira bolsinha lindinha que fez o gosto à Raquel. Mas… nem aqui, nem lá houve saltos de alegria! Eu gostei, ela gostou , mas houve um não dito que me disse que… ainda não era bem aquilo: o fecho sem graça, o intrincado trabalho de patchwork que poria a bolsinha num valor mais alto do que o desejado… enfim, ambas inventámos muitos nhe’s e se’s (acabei de inventar esta expressão!).

Desde o protótipo em Maio até às bolsinhas finais em Agosto, foi um processo lento, crítico, muito pensado. Pelo meio meteram-se outros trabalhos enquanto este ficou em banho criativo: sempre latente, alfineteiro, meio bloqueado… Pode parecer estranho, afinal de contas são umas bolsitas, pequenitas, nada de mais (quero dizer… não é um vestido de gala!). Mas, a verdade, é que por vezes é mesmo assim, os processos criativos por mais nicos que sejam, podem ser dolorosos. Mas finalmente, saíram cá para fora pequeninas obras que me deixam muito feliz.

A solução veio quando me concentrei no pedido de “reutilização de materiais”. Então, fui aos retalhos que a Cristina Macedo me deu do seu atelier super mágico de alta costura (um dia bati-lhe à porta e, na lata, perguntei-lhe se não tinha aparas a caminho do lixo. Tinha, lindas! Salvei-as!) e comecei a inventar como realmente gosto. Depois, usei tudo o que tinha para aqui… roupas velhas, aparas minhas, fios de camisolas desfeitas, contas perdidas de colares, almofadas bordadas com fechos estragados… enfim, foi um fartote de corte e cose. Ainda me cheguei ao bordado japonês sashiko que andava para experimentar há muito tempo!

Finalmente, saltamos felizes com o resultado!

Estas que aqui apresento (à excepção da bolsinha para 6 frascos que precisa de alguns ajustes na consistência em futuras edições) estão disponíveis através do facebook da Raquel Fernandes. Deixo também link para o seu projecto Aromaterapia Animal – Portugal.

Entretanto, se conseguir desfazer a lista de projectos que tenho pela frente (sonhos!) e vir que há interesse, disponibilizo-as também por aqui. (Acabei de formular uma pergunta, perceberam? )